quinta-feira, 30 de abril de 2009

O menino do pijama listrado


Seria leviano, e até irresponsável, rotular a obra literária "O menino do pijama listrado", de John Boyne, como mais um melodrama sobre o Holocausto protagonizado por crianças. O livro, na minha opinião, foi construído de forma consistente e com bom gosto, sem apelações. Apesar de seguir uma linha existencialista, o autor considerou desnecessário perder tempo mostrando explicitamente o horror por que passavam os judeus nas mãos dos nazistas - isto já é do conhecimento do leitor.
A história é uma espécie de fábula, cujos personagens são a família de um comandante nazista e um judeu prisioneiro, de apenas 09 anos. No turbilhão do caos, nasce uma amizade entre o filho do comandante com o menino judeu, separados por uma cerca eletrificada de um campo de concentração. O livro retrata isso, usando o olhar puro de uma criança para falar do absurdo descomunal do Holocausto. Vamos desvelando a história aos poucos, por meio das perguntas do ator principal, como um explorador infantil em busca de aventuras. E é exatamente esse o charme, o fascínio e o encanto desse livro de 186 páginas.Uma fábula sobre uma amizade, sobre a pureza e a inocência das crianças em contraste com os piores crimes que o homem já ousou cometer.
O desfecho é surpreende, pois vai bem mais longe do que o espectador poderia supor.
Considero este, um dos livros mais incríveis que já li, me lembrando um pouco da fábula do Pequeno Principe, de Antoine Exupery. John Boyne , é um absurdooo de bom e vale a pena conferir sua obra literária.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Faltou luz, mas era dia....

Já leram ou viram o filme " O menino de pijama listrado"?
Nãoooooooooooooo???...também não. Mas, hoje vou dar aquela relaxada e logo em seguida vou ler este livro, que foi indicado por uma grande amiga, que sempre me passa algumas dicas maravilhosas de livros e filmes. Segundo a amiga , trata-se de um livro interessante que retrata um drama entre dois garotos. Vou ler e depois repasso uma sinopse. Quem tiver sugestões de livros interessantes, por favor me informe.

Vamos que vamos, nessa levada....

quinta-feira, 23 de abril de 2009

NIVER DE FEDERICO







Ontem, tive o prazer de comemorar o aniversário do meu grande amigo Federico. Foi uma noite super agradável, contando com a presença de Anne, namorada do Federico, que a adoro também, e outro grande amigo nosso Fabrízio. Claro que pra fazer jus ao aniversariante sabe para onde fomos?....para uma maravilhosa pizzaria italiana. Federico e Fabrízio são dois italianos que já residem em Natal, há mais de 10 anos, os quais há 3 anos, tive a honra de conhecê-los. Já os considero cidadãos natalenses.


"Me chama de my love, my love, my love....me chame de meu bem, meu bem, meu bem"


Ainda vou ser madrinha deste casamento!!!

Anne é uma talentosa jornalista, que juntamente com Federico criaram o Jornal Solto na cidade (http://www.soltonacidade.com.br/), o qual está tendo uma receptividade espetacular na cidader e com certeza veio pra ficar. Vale à pena conferir o site e apostar no patrocínio. Eu recomendo.


domingo, 12 de abril de 2009

Lavar roupa todo dia…que alegria!!!

Sempre me senti vocacionada para o trabalho intelectual. Aquele que me desafia a pensar, criar, analisar, ponderar, planejar, tomar decisões, agir.
Para mim, pegar uma idéia e transformá-la num projeto é algo atrativo e desafiante. Aliás, considero meu trabalho uma grande diversão, apesar das suas complexidades.

A minha produtividade profissional sempre teve muito a ver com o espaço e liberdade que eu tenho para desenvolver meus trabalhos. Talvez seja por isto, que nunca me adaptei a horários rígidos, pressão de tempo, liderar ou ser liderada. A minha vocação é para ser um profissional independente, que se auto-administra.

Dessa forma, enveredar para a área de Consultoria e Assessoria foi um desvelamento, que só me trouxe contribuições.

A minha relação com minhas empresas clientes é mais ou menos assim: a empresa diz o que quer (queixa), e eu trabalho em cima da sua necessidade , procurando atender com qualidade ,no tempo acordado por nós. Concluindo o atendimento, apresento minha nota fiscal e a empresa realiza o depósito.

Atualmente, o meu setting de trabalho em muitas ocasiões, é o meu apartamento , principalmente no desenvolvimento de atividades laborais, o que acabo muitas vezes, prestando atenção a organização(ou desogarnização) doméstica, coisa que seria diferente se estivesse trabalhando fora de casa. A ideia de trazer meu escritório para dentro do meu apartamento, foi para aliar qualidade de vida e trabalho. O que até então, só me trouxe satisfação.

Mas, tem horas que não aguento misturar trabalhos domésticos com trabalhos intelectuais. Tipo…são 10:00h, e ainda estou na metade da elaboração de laudos psicológicos para serem entregues às 14 horas, afim de entrar na pauta de reunião de um Diretor de Recursos humanos, às 14:30h. Ao mesmo tempo deixei uma panela de pressão com feijão, no fogão. O que acontece sempre?....o feijão, o arroz, a carne, etc, acabam queimando, torrando…se estorricando.

Comecei a perceber que quando isto acontecia, claro eu ficava muithooooo chateada. Sabe o que eu fazia para aliviar minha raiva e minhas inquietações ? ia lavar roupas. E o mais interessante é que nos dias em que estou preocupada ou aflita com alguma situação, acabo lavando até o que não devo. Nestes dias a minha produtividade na lavagem de roupas sobe. Lavo até a escadaria do Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, se brincar. Até acho que se eu não tivesse tido a oportunidade de estudar e fosse me dedicar a atividades domésticas, lavar roupas é o que eu mais me identificaria.

A minha mãe reclama dizendo que tenho que ter uma pessoa para me auxiliar, nestas atividades. Mas, tudo para mim serve como autodescoberta. Lavar roupa me alivia.

Talvez, o contato com a água e perfume dos produtos me dá uma sensação de leveza, como um rapport para o inicio do dia que está se abrindo. Depois, estender roupas limpinhas com aquele frescor, me passa uma sensação agradável dentro de casa.

Enfim, o importante é fazermos o que gostamos…uma hora faço um laudo psicológico…outra hora, lavo uma blusinha de seda…uma hora concluo um relatório…outra hora, lavo uma lingerie…e por ai vou seguindo feliz da vida, trabalhando com os dois hemisférios cerebrais.

Mas, tenho certeza que se minha vida dependesse de uma lavagem de roupa, seria uma lavadeira de primeira....diga-se de passagem, que lavaria até roupas pesadas, no verde do lôdo de uma lavanderia ou de uma pedra na beira do rio, sentindo-me satisfeita ao ver as roupas se misturando ao branco da espuma do sabão e a transparência d`àgua escorrendo.

Mas, por favor não acreditem em tudo o que escrevo, porque prefiro manter minhas mãos suaves e minhas unhas lindas e bem tratadas....ou seja, prefiro permanecer como está…somente lavando roupas finas e delicadas, quando me apetece.


Imagem de Luís Direito: http://www.angolander.blogspot.com/

FERNANDO DE NORONHA !!!


Como não acreditar num criador de tudo isto?....Fernando de Noronha....quantas saudades!














Momentos nostálgicos.
Fernando de Noronha foi onde vivi dos meus 09 aos 12 anos...lindas recordações tenho deste período.







sábado, 11 de abril de 2009

E então...


Vi, no trânsito da sexta-feira passada, o motorista do carro ao lado descascando uma laranja com os dedos, os dois braços para fora da janela lançando cascas para todos os lados.

Em seguida, enfiou-a na boca com uma mão, engatou a primeira com a outra, e saiu cuspindo caroços.

Mais adiante, jogou uma lata de cerveja, quase afetando uma moto que vinha atrás.

Apesar de ter sido ele a comer daquela forma abjeta, quem ficou ruminando fui eu.

Sem querer entrar num discursos vazio, fiquei pensando se aquela pessoa algum dia, dará conta da total desatenção que ele tem para com o meio ambiente, com o próximo e consigo próprio.

O que se pode ainda fazer para pessoas desavisadas como aquela, adquirirem uma educação calcada na ética e respeito, de maneira a se atualizarem com a nova concepção de melhoria do planeta? Será que a questão é de falta de conhecimentos ou de uma disposição afetiva para fazer a diferença?

UMA PESSOA QUE PASSA A VIDA TODA FALANDO ERRADO, O QUE ESTÁ ERRADO NÃO É O PORTUGUÊS, MAS A ATITUDE DE TOMAR CONTA DE SI.

Kierkergaard fazia uma ponte com o Gênesis para falar sobre escolha quando partia do seguinte trecho: “Porém os frutos da árvore do bem e do mal não comerás”.

Segundo o mesmo, a imposição de Deus era tida como proibição, onde sua desobediência lhes dava a possibilidade do BEM e do MAL.

A proibição provocava o vislumbrar de dois POSSÍVEIS. Dessa forma Adão descobre a condição de liberdade. Afirma Kierkegaard, que a proibição inquieta o homem, pois desperta-lhe a possibilidade de poder.

O poder da escolha traz a ambiguidade e angústia. Poder escolher implica em tornar-se responsável pelo seu destino.

Daí, ser responsável pelo nosso destino e dos outros é uma simples questão de escolha.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Feliz Páscoa!



Não sei se por ter uma visão romântica do mundo, adoro acreditar em papai noel, em duendes, em fadas, e até em coelhos que põem ovos.

O período da semana santa me remete à minha avó Regina, que há vinte anos não está mais entre nós. Ela reunia toda a família e com poucas palavras, mas com gestos generosos nos mostrava o significado bíblico desta data comemorativa, que para mim só fortalecia valores nobres do cristianismos , dos quais sou seguidora, ou pelo menos me esforço em seguir: perdão, amor ao próximo, reacender da chama em situações de crise. Ela definia a Páscoa como a expressão de um sentimento nos nossos corações de esperança, fé e confiança, o que para mim, neste momento de crise mundial é tudo o que a humanidade necessita.
O meu domingo de páscoa programo-o com a família reunida, afagos, almoço regado com tudo de bom que possamos merecer, ovos de chocolate e principalmente com a proposta da páscoa, de ressucitarmos um novo olhar sobre nossas ações, afim de termos um mundo mais justo, mais saudável e mais feliz.
Vamos brindar à Pascoa!!!...tim...tim...

SOU BLOGUEIRA….É UMA ONDA!


Adicionei mais outro título ao meu currículo, se este for o termo correto: blogueira.

Graciliano Ramos, em seu livro Grandes sertões veredas, dizia: “O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”.

Quando tinha uma leve impressão que já havia conhecido e utilizado todos os possíveis canais de comunicação que a tecnologia que está ao meu alcance me oferece, surgiu um blog em minha vida.

A ideia do blog partiu de uma pessoa que eu quero muito bem e que talvez tenha percebido a importância de um espaço para que eu pudesse organizar minhas ideias e construções acerca de mim, do mundo, das pessoas. Ele sabia que eu necessitava de um canal de comunicação que me permitisse expressar como sou na íntegra, e que tal experiência, me possibilitaria ensaiar para algo que pretendo realizar futuramente : escrever um livro.
A criação do blog, estimulada pelo Luís, foi tão importante quando a webcam em minha vida, proporcionada por Jorge, à qual também me permitiu grandes auto-descobertas.

Daí, em situações que me pedirem para falar sobre minhas experiências profissionais e pessoais, vou incluir o papel de blogueira. Ao me perguntarem do que se trata meu blog, orgulhosamente vou falar: My journey and my way…e se não entenderem minha verbalização estrangeira, vou dizer que trata-se sobre tudo que existe de bom em mim.

A experiência que me atravessa de “postar” minhas ideias é fluida, natural, onde me divirto e me integro, como realizando uma obra de arte. A sensação é a mesma quando eu pintava há anos atrás, onde eu me sentia orgulhosa em apreciar minhas criações impregnadas de sentimentos, de momentos, de fantasias.
Ainda sobre esta recente experiência, percebo do quanto me sinto recompensada ao ouvir comentários que algumas pessoas fazem questão de me passarem pessoalmente sobre o que leram, o que de certa maneira me dá uma sinalização do quanto a minha maneira de me expressar através da escrita está sendo entendida pelo leitor.
Um bom indicador para melhorar e continuar neste direcionamento da escrita.

Aí, Lu…obrigada pela força.
Bj grande pra ti.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O lipoaspirador de defeitos terrestres



Boris Karloff interpreta o "monstro" no filme "Frankenstein" (1931), dirigido por James WhaleReprodução


A cirurgia plástica deixa para trás o estilo Frankenstein e se aproxima do perfeccionismo de Pigmalião. Dia após dia, deglutimos toneladas de notícias sobre as possibilidades inauditas da nossa tecnociência. Novos caminhos que provocam tanta admiração como espanto: cada vez mais, os humanos somos capazes de criar ou alterar profundamente a vida. Porém, as reflexões sobre o assunto não são novas, elas remontam à mais longínqua Antiguidade.
A mitologia grega, por exemplo, conta a história do escultor Pigmalião, que se apaixonara por uma belíssima estátua, com a qual acabou casando, numa união que se revelara mais “feliz” do que jamais teria sido possível com qualquer mulher de carne e osso. Já outro criador de seres quase-humanos, o famoso Dr. Frankenstein, como sabemos, não teve a mesma sorte com sua criatura...
Hoje, quase 200 anos depois do nascimento daquele monstro gótico engendrado na literatura, vale a pena pensar na persistente atualidade dessa lenda. Se tivesse que ressuscitar nestes alvores do século XXI, aquele ser imaginado em 1818 pela escritora britânica Mary Shelley seria bastante diferente. Em vez dos fragmentos de cadáveres mal costurados e do choque elétrico que lhe deu o inefável sopro vital, é provável que entrassem em cena dois novos fatores: o cálculo informático e o instrumental da biotecnologia. E também, é claro, a precisão e elegância dos bisturis estéticos.
Pois nas mãos dos cientistas-escultores da atualidade, aquelas rudezas analógicas da era industrial foram claramente superadas. Sejam engenheiros geneticistas ou cirurgiões plásticos, sua assepsia e exatidão parecem inspirar-se na lógica digital. Por isso, as criaturas produzidas pelos cientistas de hoje em dia iludem com sua ambigüidade, dificultando a diferenciação entre o que é natural e o que é artificial.
Basta lembrar dos protagonistas de filmes mais recentes de ficção científica: longe do mostrengo frankensteiniano, sua qualidade não-humana é impossível de ser identificada a olho nu. O personagem interpretado por Harrison Ford no filme “Blade Runner”, por exemplo, era uma espécie de policial especializado na caça aos andróides, que recorria a uma série de testes psicológicos e questionários, utilizando um conjunto de aparelhos mecânicos para medir a dilatação do íris ocular e outros sinais corporais. Tudo isto para saber se tal criatura era um ser humano ou um “replicante”; ou seja, um ser artificial, fruto da engenharia genética e da programação informática.
Mas todas essas artimanhas de raiz analógica resultam ineficazes para detectar a condição não-humana dos seres híbridos mais avançados: esses instrumentos ficaram obsoletos. Algo semelhante ocorre em outros filmes deste tipo, tais como “Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg, e a saga “Matrix”. Eles são igualzinhos a nós -ou, então, são bem melhores do que nós.
As cicatrizes dos novos “monstros”, que poderiam revelar os rastros da intervenção tecnocientífica em seus corpos, são bem mais sutis das que delatavam a grotesca artificialidade daquele ser inventado nos inícios do século XIX. Agora essas marcas se tornam imperceptíveis, convertendo inclusive as novas criaturas híbridas ou tecno-humanas em seres menos “monstruosos” que os originais pré-tecnologizados. Ou seja: nós, ou pelo menos alguns de nós.
Um dos médicos que participaram na cirurgia do primeiro transplante de rosto, por exemplo, realizada na França no final de 2005, referiu-se à condição da paciente no estado prévio à intervenção como “monstruosa”, enquanto a operação teria lhe devolvido sua condição “humana”.
Salvando as distâncias, é o que pretende provar Cindy Jackson, autora de dois livros de sucesso e também do seu próprio corpo, inspirado nas “boas formas” da boneca Barbie. Após várias dezenas de cirurgias plásticas, essa mulher de origem inglesa conseguiu efetuar uma transformação radical em seu corpo e sua subjetividade: agora sim, ela se considera bela. Semelhante é o caso da vencedora do concurso Miss Brasil de 2001, que admitiu ter se submetido a 19 cirurgias estéticas: lipoaspirações e silicone, além de várias correções no rosto.
Trata-se de versões extremas de uma tendência que está se popularizando velozmente em todo o mundo. No Brasil, aliás, o mercado da cirurgia plástica cresce a um ritmo de 20% por ano. Com mais de 600 mil intervenções por ano, o país ocupa o segundo lugar no mundo, somente ultrapassado pelos Estados Unidos. Os procedimentos mais solicitados são as lipoaspirações em diversas partes do corpo e o implante de silicone nos seios. Em seguida vêm os retoques na face, como as modificações na forma do nariz e na pele das pálpebras.
Conforme o imaginário atual, porém, essa renomada especialidade médica não parece mais operar com bisturis e tesouras, que fazem cortes na carne e deixam dolorosas cicatrizes no pós-operatório. “Quanto mais civilizada for a sociedade que ministra dor, tanto mais ela irá ocultar o fundamento da crueldade na qual essa dor se sustenta”, explica Enrique Ocaña, autor de diversos estudos sobre a relação entre técnica e dor. O ensaísta espanhol ainda recorre a um texto escrito em 1836 por John Stuart Mill, um dos pais da sociologia, lembrando que “cirurgiões, juízes e soldados mantêm relações de parentesco com o carrasco e o açougueiro”
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1.
Mas a tarefa da “civilização” consiste em ocultar tais afinidades. Assim, enquanto os resultados almejados nos rostos e corpos dos pacientes são notoriamente exibidos, costumam esconder-se os procedimentos (sujos e penosos) que levam a atingi-los. Mostra-se apenas a reluzente “versão final”, o resultado como uma bela imagem, enquanto os rudes métodos são discretamente silenciados.
Portanto, a cirurgia plástica é “vendida” como uma técnica não apenas onipotente e quase mágica, mas também asséptica e virtualmente indolor. Quase digital, como se em vez de operar com instrumentos de metal afiado que rasgam a pele e dilaceram a carne, os profissionais desta área trabalhassem apenas sobre a mais etérea imagem corporal, utilizando dóceis ferramentas de software de design como o popular PhotoShop.
De fato, a palavra cirurgião tem uma origem curiosa: provém do latim “chirurgia”, por sua vez tomado do grego “kheirurgia”, cuja etimologia remete ao trabalho manual ou à prática de um ofício: “kheir” (mão) e “érgon” (trabalho). Essas raízes revelam um lado esquecido dessa prática: desde a Antiguidade até alguns séculos atrás, a tarefa do cirurgião não era muito valorizada. Até o Renascimento, inclusive, os médicos costumavam deixar esse “trabalho sujo” aos cuidados dos açougueiros ou dos barbeiros.
Se pensarmos no auge atual das cirurgias plásticas e no crescente prestígio e fortuna de seus executores, surge uma ironia: hoje cirurgiões e cabeleireiros tornam a se aproximar, como profissionais bem cotados a serviço desse recurso tão prezado: a beleza física.
Há uma enorme diferença, porém, com o que ocorria antigamente: sua qualidade de “trabalho sujo” foi abafada, e sua boa reputação não cessa de aumentar. Ou, pelo menos, seus orgulhosos representantes teimam em remanescer o mais longe possível da pavorosa figura do açougueiro. De fato, conseguem-no: aquela imagem ensangüentada foi asseada e glamourizada. Assim, os cirurgiões estéticos de nossos dias se afastam do Dr. Frankenstein... enquanto se aproximam inquietantemente de Pigmalião.
“O Moderno Prometeu”: eis o subtítulo da célebre história do monstro criado em laboratório pelo personagem de Mary Shelley. Pois a fábula recriava a tragédia desse outro herói mítico grego: o titã que foi duramente punido pelos deuses por ter feito aquilo que não devia, por ter usurpado as prerrogativas divinas, revelando aos homens os segredos do fogo.
Não é por acaso: o relato gótico foi escrito em meio às experimentações científicas que proliferavam nos inícios do século XIX, junto aos debates suscitados pela descoberta da eletricidade, e pelas potências vitalistas que esse novo tipo de energia poderia trazer, incluindo a possibilidade de ressuscitar os mortos e de reacender a indizível “faísca da vida”
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2.
Nas páginas do romance, porém, o médico-criador se arrepende e confessa o estranho impulso que alimentara seu projeto desmesurado. “Com uma paciência incontida e constante, eu perscrutava a natureza em seus lugares ocultos”, relata um Dr. Frankenstein humilhado pelo fracasso da sua audaciosa empreitada -ou por seu terrível sucesso. “Recolhia ossos nos necrotérios e perturbava, com dedos profanos, os segredos tremendos da estrutura humana.” E logo se pergunta: “Quem poderia imaginar os horrores de meus trabalhos secretos, enquanto eu profanava sepulturas frescas ou torturava animais vivos para animar o barro inerte?”
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Mas já era tarde; como se sabe, o castigo não demoraria a chegar. A conclusão é tão óbvia como prometéica: os conhecimentos e as técnicas dos homens não são todo-poderosos; seus “dedos profanos” não podem perturbar todos os âmbitos, pois há limites que devem ser respeitados. Mas os cirurgiões plásticos de nossos dias, ao que parece, perderam os temores aos castigos divinos. Por isso, esses personagens tão contemporâneos encarnam a versão mais atual de outro mítico doutor: Fausto, aquele que é capaz de compactuar com o mesmíssimo Diabo para “ir além”, sem medir e nem temer as possíveis conseqüências.
Paradoxalmente (ou não), já se foram os tempos em que a beleza era um dom divino e sua falta uma maldição, um lamentável castigo dos deuses que exigia a mera resignação. Ou, no máximo, levava a exercer as discretas artes da dissimulação cosmética.
Foram-se embora, também, os tempos em que os primeiros “cirurgiões da beleza”, verdadeiros pioneiros desta especialidade hoje triunfal, eram desprezados por seus colegas devido à “futilidade” de suas metas. Há mais de um século, esses médicos eram acusados com o apelativo de “quack”, ou “charlatães”, bem diferentes dos cirurgiões plásticos “sérios”, aqueles dedicados à “restauração de funções” danificadas por acidentes ou malformações congênitas
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Assim como a eugenia e as experiências genéticas, a cirurgia plástica também possui um passado dúbio. Vínculos ancestrais ligam a origem dessa especialidade médica, no final do século XIX, à “correção” de traços faciais considerados inferiores, como as intervenções que permitiam “restaurar” narizes e orelhas associados ao fenótipo judeu.
Hoje a cirurgia plástica se populariza em todos os cantos do planeta globalizado, embora sua incidência seja inusitada nos países asiáticos. A Coréia do Sul, por exemplo, registra a média mundial mais alta desses cirurgiões por habitante.
Nessas regiões do mundo, fazem sucesso as técnicas que prometem eliminar os traços tipicamente orientais, a fim de “ocidentalizar” as aparências, tais como o formato dos olhos e dos pômulos. Refletindo essas tendências, foi lançado na China um concurso de beleza exclusivo para mulheres “ocidentalizadas” dessa maneira.
Impossível não remeter, então, à velha eugenia nazista? Apesar das inquietantes semelhanças, há uma diferença fundamental: hoje todas as aberrações que conspiram contra o “corpo perfeito” parecem ter possibilidade de cura.
Através das cirurgias plásticas e de outras técnicas à venda, é possível eliminá-las, retocá-las, lipoaspirá-las. Portanto, diferentemente do que postulavam as teorias eugênicas da primeira metade do século XX, hoje a condenação não é fatal e tampouco deve ser contornada mediante políticas públicas nacionais.
Nesta nova “eugenia soft”, a salvação depende de cada um. E é um negócio extremamente lucrativo, embora pareça alicerçado em bases ilusórias: já na década de 1980, a indústria de produtos de beleza investia em publicidade até 80% do seu orçamento, cifra que não cessa de aumentar junto com a expansão dos mercados e das margens de lucros.
Nesse quadro, não surpreende que programas de edição gráfica como o PhotoShop desempenhem um papel cada vez mais primordial na construção das fotografias midiáticas que expõem “corpos belos”. Tais técnicas oferecem às imagens corporais tudo o que a ingrata Natureza costuma escamotear aos organismos vivos, e que as duras práticas analógicas (dietas, musculação, cosméticos) ainda insistem em lhes negar:.
Com esses bisturis de software, todos os “defeitos” e outros detalhes demasiadamente orgânicos são eliminados dos corpos fotografados: com um clique do mouse, corrigem-se na tela do computador. Assim, as imagens expostas aderem a um ideal de pureza digital, longe de toda imperfeição brutalmente analógica.
Mas esse modelo digitalizado logo extrapola as telas para impregnar os corpos e as subjetividades -torna-se, então, um padrão digitalizante. Pois as imagens assim editadas se convertem em objetos de desejo a serem reproduzidos na própria carne.

Com amor ou por amor....


O amor nos move em todos os sentidos.

Na maioria das vezes, realizamos com amor ou por amor, as coisas que para nós possui significado e sentido . Com amor seria tudo aquilo que fazemos de maneira incondicional, gratuita, sem obrigação, que nos dá prazer. No entanto, pode existir outras coisas que não fazemos com amor, mas por amor, como por exemplo, quando nos deparamos em situações, que mesmo não gostando, ou não nos sentindo bem, acabamos fazendo algo em benefício de outra(s) pessoa(s).

Sempre achei que odiava cozinhar e lavar pratos. Mas, o brilhinho nos olhos dos meus filhos ao verem uma comida bonita e saborosa, me estimulava a encarar um fogão para fazer seja lá o que fosse. Eu fazia por amor. Com o passar do tempo, percebi que os ganhos secundários que eu tinha das coisas que eu fazia por amor, tornaram-se prazerosas, e muitas delas hoje, faço com amor. Com exceção, lavar pratos.

Ontem, ocorreu algo que me chamou bastante atenção. Nossa cadelinha Milla, uma poodle toy, de apenas dois anos, demonstrou claramente o que é fazer algo por amor, confirmando a lenda que o cão é o maior amigo do homem.

A noite estava muito quente. Eu estava inquieta, talvez pela temperatura e também pelo dia agitado.

Resolvi tomar banho de piscina, às 19:30h, na tentativa de aliviar o calor e o stress. Ao fechar a porta da sala para sair, percebi Milla balançando o rabinho, como se convidando a ir comigo. Não me contive diante daquela cena e permiti-lhe a me seguir.

Somente quando cheguei à piscina, com aquela calmaria pronunciada pela lua, percebi do quanto a noite estava linda e convidativa para um relaxamento que eu tanto precisava naquele momento.

A lua estava minguante, assim como eu, nesse dia. Tem horas que temos que aliviar nossos pesos e pensarmos mais em nós, refletia eu, para tornarmo-nos uma lua nova.

Coloquei o pé na piscina para sentir a temperatura da água e percebi do quanto a água estava morninha e adequada para uma hora de entrega.

A piscina fica na cobertura do prédio, acima do meu apartamento. Fiquei perguntando porque eu não aproveitava mais estes momentos a esta hora da noite, tendo esta facilidade tão perto de mim.

Depois dos devaneios, resolvi dar um mergulho. -Hummm...que água gostosa!...parecia que tudo havia mudado num mergulho. A sensação de calor foi embora...as minhas preocupações sumiram...enfim!...aquilo era um paraíso! ...aproveitei para nadar, fazendo pausas para respirações profundas, o que me deixava mais tranquila.

Num dado momento, enquanto fazia marolas com as mãos, percebia-me sofejando umas musiquinhas suaves, revelando meu total estado de descontração . Há muito tempo não me sentia assim, tive esta impressão.

Porém, esta sensação foi interrompida com os sucessivos latidos de Milla. Fiquei observando o que a levava a latir, uma vez que estávamos sozinhas na cobertura. Tudo normal. Mesmo assim, a mesma continuava a latir, olhando para mim, deixando-me irritada diante aquele barulho ensurdecedor, contrastando com o ambiente tranquilo.

auauauaua..... - ai, que raiva!......Por alguns segundos me arrependi de tê-la levado. Se eu fosse uma moleca desaforada sabe o que eu faria? Pediria a ela para parar de latir, ao gritos. Sabe o que eu fiz ? Pedi à ela para parar de latir,aos gritos.

Comecei a falar alto para intimidá-la, pedindo-lhe para parar de latir, mas ela não se intimidava com meus gritos. Daí, pensei em duas alternativas: ou sair da piscina para ela parar de latir, coisa que não iria dar-lhe o cabimento, ou fingir que ela não estava ali e que não estava ouvindo latido nenhum. Optei pela segunda alternativa, embora achasse que ela estava preocupada comigo temendo que algo me acontecesse de ruim. Mas, como não havia hipótese de ocorrer algo de errado, continuei nadando, ignorando-a COMPLETAMENTE.

Em alguns segundos, percebi que ela parou de latir, o que me deixou bastante aliviada, achando que finalmente minha estratégia havia funcionado. -Ufa!...finalmente, o silêncio! ....tudo tranquilo novamente, pensei ... agradecendo "aos céus", voltei a nadar.

Porém, a tranquilidade recuperada foi interrompida com o som de um mergulho na piscina...Thibumm!!!.... Claro que me recusei a aceitar o que vinha em minha mente. Resolvi olhar para trás afim de confirmar o que estava pensando. Não contrariando ao que imaginava, Milla havia se jogado na piscina, nadando ao meu encontro.

Caramba, que medo!...ao vê-la vindo ao meu encontro, de maneira silenciosa e irreconhecível, com seus pelos molhados grudados no corpo, lembrei-me do filme tubarão, que por sinal, me deixou com trauma de entrar a dois metros no mar até hoje,com aquela musiquinha de suspense chata....tumtumtum...

À princípio me deu vontade de sair correndo da piscina. Mas ao ver o sofrimento da cadelinha, fiquei estupefata diante daquela cena. Não sabia o que dizer. Eu imaginei que ela utilizou aquele mergulho na piscina, como sendo seu último recurso para expressar sua preocupação com relação à mim. Tipo aquela mãe, que vê seu filho numa situação que ela julga perigosa e se entrega de corpo e alma para salvar seu filho.

Ao vê-la tremendo, peguei-a nos braços e sai da piscina, pegando uma toalha para aquecê-la. Corri para o apartamento, peguei um secador de cabelo e imediatamente fui seca-la com receio dela ter algum problema.

Enfim, não tomei o banho de piscina que eu queria. Mas, eu sai da piscina , com uma sensação muito melhor do que eu achava que iria sair. Eu não sai somente relaxada....sai me sentindo amada por aquela criaturinha pequeninha, que passa o dia toda me observando e me amando incondicionalmente e que em muitos momentos , não dou-lhe a mínima atenção.

Percebi que ela mergulhou na piscina por amor, considerando que odeia água.

Esta experiência , me trouxe algumas reflexões, onde me mostraram que podemos estar rodeadas por pessoas, que muitas vezes não damos a atenção merecida, devido as agitações do dia a dia, ou até mesmo por não darmos uma significação para elas em nossas vidas, mas que são capazes de mergulhar fundo para nos ajudar ou estar perto da gente.

E realmente me confirmou a crença que o cão é realmente o amigo do homem.

Milla...te amo!

My Journey

Trata-se de um blog pessoal, onde sinto-me à vontade para falar sobre my way and my journey.

Amigos que Acompanho

Acompanham-me..!!

Bem....

Bem....

Obrigada pela visita e volte sempre!

Obrigada pela visita e volte sempre!